O pior desastre ambiental da história do Brasil desencadeou uma das maiores ações judiciais já apresentadas em um tribunal britânico.
A mineradora anglo-australiana BHP Billiton está sendo processada em cerca de £5 bilhões por vítimas brasileiras do rompimento da barragem da Samarco em Mariana, há quatro anos.
A ação coletiva foi ajuizada no Tribunal Superior de Liverpool pela Pogust Goodhead, com sede no Reino Unido, em nome de mais de 200.000 indivíduos e organizações afetados pelo desastre.
Dezenove pessoas morreram depois que as águas tóxicas da barragem de rejeitos que falhou atravessaram o vilarejo de Bento Rodrigues em 5 de novembro de 2015. A lama destruiu centenas de casas, devastou a pesca, contaminou florestas e deixou centenas de milhares de moradores ao longo do rio Doce sem água potável.
Descobriu-se que a empresa havia previsto com precisão os riscos[1] em uma avaliação do pior caso feita seis meses antes. Os promotores acusaram os executivos seniores da Samarco Mineração, operadora da barragem, de homicídio e acusaram suas empresas controladoras - Vale e BHP Billiton - de danos ambientais.
Tom Goodhead, Sócio-Gerente Global, disse que muitos dos reclamantes sofreram perdas catastróficas, mas não receberam quase nenhuma indenização após quatro anos, contrariando a lei brasileira, que diz que os danos totais devem ser pagos e o meio ambiente deve ser completamente restaurado após um acidente.
[2] "As repetidas advertências e recomendações de especialistas em segurança de barragens foram seguidas com muita lentidão ou foram totalmente ignoradas. A BHP foi lamentavelmente negligente em seu dever de cuidado e as indenizações solicitadas são inteiramente proporcionais à devastação que a empresa causou ao povo de Minas Gerais, [ao estado do] Espírito Santo e ao Brasil."
[1]:https://www.theguardian.com/world/2018/feb/28/brazil-dam-collapse-samarco-fundao-mining
[2]:https://www.bbc.co.uk/news/business-48194377
